Do lado de fora das paredes,
o sol é escaldante e barulhento,
no termômetro de rua, que não fala
mas causa espanto, o veredicto:
livros não servem como leques.
Na paz dentro das paredes,
janelas fechadas fingem outono.
A leitura dos anônimos
e notáveis marcados nas lombadas
empoeiradas, um prazer imenso.
Me torno comedora de sabedoria
de sentimentos de vivências,
a quietude suspira em algumas
folhas de intensa verdade, suspeita.
Não sei bem de onde vem esta
paixão ancestral de ler universos,
absorver o passado e o impossível ,
me entranho nas vidas que leio.
Amanhã eu ligo o mundo de novo, hoje não.
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