Sonhava liras em tiras
acordava em sismas
dias e noites no fim da linha
esfumaçados painéis de vida,
acreditava ter o dom,
tritão nas tardes,
cigarra ágil na ilusão.
Sorria de lado
supondo ser dono e senhor
cantava Caetano assobiando,
entre nevoeiros e esquinas
roubava pernas e sapatos
em desenhos desfocados,
comeu e lambuzou.
Dormia, quando a porta bateu,
chorou na frente do espelho
cada ruga uma risca
cisternas da alma,velha,
não se levantou
morreu no lençol de linho
bordado de florzinhas.