quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Primaveras

Quero uma primavera suave pra que possa ter tempo de ouvir pássaros, de colher amoras, caminhar com jazz no pensamento, tropeçar nas flores, sorrir de lembranças, não abrir o jornal, sonhar que o mundo é um jardim, correr atrás de borboletas, escrever mais que falar, sentar nos bancos de praça e ler Quintana com a brisa nos cabelos, esquecer livros para serem levados, não engolir a raiva dos dias, observar nuvens para amaciar o olhar, viver como as notas da ciranda; um giro de cada vez.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

sábado, 19 de setembro de 2015

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015



                                   Do e-book em processo de desenvolvimento Uni Duni Tê 





Esqueceu do aniversário,

do ascendente e dos mantras,

borrado rosto no coração.

Não lembra mais do cheiro;
e o cheiro, era perfume

lembrava o beijo,
 o cabelo, as mãos, o olho.

O amor prá sempre,
a promessa de felicidade,

que ia durar a vida inteira e que se acabou,

depois da volta inteira da ciranda

no salão de piso sem brilho.


sexta-feira, 24 de julho de 2015


Bela e transparente
voa 
no céu que pinta,
sobrevoa
as bocas de leão
que beijam
com mordidas, 
faz rasantes
sobre rosas
que abraçam
com arranhões,
bela e breve
voa livre
invisível aos olhos
da escuridão.

quinta-feira, 23 de julho de 2015




Vazou uma poesia
aqui pelo canto da página,
foi correr mundo,
com sorte desabotoar
as idéias, soltar as rimas
romper fronteiras,
ser livre em qualquer
céu, de qualquer cor.

quarta-feira, 22 de julho de 2015



Aguados os dias
na espera de sol,
pinga pingos resistentes
na poesia faceira.
Pronta pra brincar
aguarda no solo,
vai pular amarelinha
nas poças da calçada,
bolsa cheia de versinhos
para sarau com joaninhas.

sábado, 27 de junho de 2015


         


75 poetas, de várias idades, estilos e países reunidos com o objetivo de construir visões múltiplas sobre o tema “transformação”.
De sonetos a improvisos repentistas, da prosa poética ao rapper, a liberdade lírica dá o tom à obra e ao exercício poético: desafio e superação, medo e coragem, desejo e libertação.
O livro recebe o selo TUBAP Books, prefácio de Chris Herrmann, projeto gráfico de João Baptista da Costa Aguiar e Angela Mendes, com ilustrações inéditas da artista plástica mineira Cristina Arruda.
A surpresa fica por conta das biografias dos poetas, narradas a partir dos olhos dos insetos que os representam.
A renda obtida com a venda do livro será totalmente revertida para o projeto social MANO DOWN, entidade sem fins lucrativos que promove, através da visibilidade, a igualdade social, para que as pessoas com down e outros deficientes tenham liberdade para dirigir a própria vida.
O Lançamento virtual do livro “SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS”, acontece na rede social Facebook no dia 27 de junho de 2015, durante todo o dia, com bate-papo e participação de todos os autores em página criada especialmente para divulgação do projeto, uma oportunidade para discutir literatura com professores, escritores, jornalistas, músicos e premiados artistas:

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Amava o norte e o sul.
Um tinha cheiro de mar
outro aroma de flor,
montou duas moradas
vivia entre malas,
vagões e paisagens.

Entre o um e o outro,
abria a janela
jogava pedidos aos santos,
valha-me Santo Antônio, São Pedro
e Nossa Senhora,
tanta candura num
febre ardente noutro.

As estradas foram dobrando
curvando, encurtando,
amanhecia lua anoitecia sol,
o tempo virando urgência.

Secou o mar, pisou no sal, 
foi viver doçuras, plantar jardins,
viver o hiper realismo de um
jasmim.



"Dois homens traídos pela mesma mulher tornam-se meio parentes."
Albert Camus

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pela janela vejo a rua
e a poesia brincando
na calçada,
fecho os olhos
e ouço a poesia
cantando na chuva,
acendo a luz
desenho a poesia,
 debruçada na vida.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A vida assim é uma delícia, 
tua mão percorre meu pescoço suavemente.
No ar uma canção antiga, romântica e linda, 
como deveriam ser todas melodias, destes instantes.

 Desmembrados dos dias atuais, 
das correntes de hiperatividade do mundo, estamos sós.
E tua mão, como um colar, roçando minha nuca e meus pensamentos, 
sorrindo, dançando, momento perfeito de uma manhã de domingo. 

Depois de um temporal, depois da chuva, depois do vento.
 Como  se o mundo tivesse tido uma noite 
de amor selvagem, depois só paz. 
Nem brisa entra pela janela.
  O ar é friozinho e não se ouve barulho da rua.

Acabou se o mundo e sobramos nós, 
dentro da nossa intenção de viver de amor.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Acordou sem amanhecer

Ficou  morando no sonho enquanto ele ainda estava alí.

Impossível imaginar que tantas horas fora do ar, não fosse uma viagem, para algum lugar que ainda não tem nas agencias de turismo. 

Manteria os olhos fechados, pelo tempo necessário de guardar os rostos, os momentos, as cores, os lugares,  os sentimentos e sensações. 

Interferências externas chegando, vem no canto de um passarinho, som de alarme de algum despertador e seguem aumentando os chamados deste mundo, água pingando na pia, porta batendo, um rádio ligado e o sonho se desprendendo em fiapos e floquinhos. 

Jogou  uma bomba de silencio no vizinho que abre as janelas com força e obriga o mundo a ouvir suas óperas estranguladas. 

Um segundo e acaba a viagem.

Metade do sonho esta guardado, a outra metade evolou, subiu, esvaneceu.  

Abriu os olhos contrafeita, o desejo  da casa no campo é quase um desespero. Morar entre  margaridas, sentir o som do vento e falar em pensamento com velhas árvores, estar em silêncio .

É um sonho, além do travesseiro.

segunda-feira, 4 de maio de 2015


Nao foram de flores
 os caminhos,
mas o céu era azul.





Meu olhar observa e rouba,
nunca sei se grades,
são prisão ou segurança.
Enquanto divago,
o passarinho canta
e a criança, sonha.

sábado, 2 de maio de 2015


Gostava de ser senhora,
beijar flores e dançar
na chuva no vento no tempo,
de rezar o terço 
nas contas coloridas.

Gostava de ser menina,
enfeitar o jardim 
com risos  e borboletas,
pescar letras
fazer  colar de poesias.

Queria ser quadrinha
cantada na calçada,
pela senhora menina
chapéu de linha
cabelo de nuvenzinha.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A lua nadando
no último gole de chá,
no fundo da xícara,
me mostra o finito
da noite, do mundo,
bem quando bebo a poesia.


terça-feira, 14 de abril de 2015

É um desatino
ouvir música tão linda,
pernas e braços, querendo 
bailar, abraçar rodopiar,
a nuca arrepiar a boca namorar,
os pés não precisam pisar
os passos são asas leves,
suavemente os olhos
se encontram 
e dançam.


                                     fotógrafo francês Ludovic Florent - Poussières d’étoiles (poeira de estrelas)

quarta-feira, 1 de abril de 2015



O silencio do balanço do verde, 
preparando o outono,
os piores segredos bem guardados no porão 
no coração, na canção.
Toda coragem armazenada nos olhos,
fazer parte da vida sem escolher
o que virá.
Sem certezas, só andando, sem medir
as distancias.
Virar as esquinas prendendo o fôlego,
desarmada enfrentando os medos
coragem para se auto conhecer,
sem bulas ou guias.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Me ausento, saio a passeio 
sem carregar nenhum peso,
deixo os pesares os sonhares e as senhas,
menina dos olhos, vai sem sapato, sem meias.
Pela mão do vento descobrir alentos
motivos risonhos de existir na poesia.

domingo, 22 de março de 2015

Como é difícil, como é difícil, Beatriz, escrever uma carta...
Antes escrever os Lusíadas!
Com uma carta pode acontecer
Que qualquer mentira venha a ser verdade...
Olha! O melhor é te descrever, simplesmente,
A paisagem,
Descrever sem nenhuma imagem, nenhuma...
Cada coisa é ela própria a sua maravilhosa imagem!
Agora mesmo parou de chover.
Não passa ninguém. Apenas
Um gato
Atravessa a rua
Como nos tempos quase imemoriais
Do cinema silencioso...
Sabes, Beatriz? Eu vou morrer!
(Mário Quintana)

sexta-feira, 20 de março de 2015


 
Sou um enigma com vagina
sobre uma cabeça confusa,
fosse dois séculos atrás
estaria amarrada, de branco,
trancafiada com os sem nome.


 No peito uma dor que arde
quero o mundo que sonho,
com ventos melancólicos
paisagem com névoa,
nenhuma pergunta.


 Caminho em sentido oposto
ouço o que não vejo
desejo o que não existe,
me procuro.
Insisto e se resisto, é na poesia.
 

quarta-feira, 18 de março de 2015


Fechou a gaveta com força, bateu a porta, derrubou a cadeira.
Pessoas agitadas, são piores que tormenta no meio da tarde de sol. São inquietas, perturbam, não ouvem pensamentos, até os passos fazem ruído alto. 
 
Desconhecem  o silencio precioso dos momentos de paz, temem a falta das vozes, em eterno blá blá blá.
São tremores de terra perto de quem gosta de ler ou escrever. 
Tanto mais barulho fazem, menos se percebem. 
Gostaria de escrever como uma torneira pingando,sem parar, barulho chato q tira o sujeito do ar.
Desenvolveria  um texto cadenciado com barulhos de se ler, pediria para ler em voz alta e pausada, (melhor não) desisto, eu seria castigada, tumulto sonoro.
 
Vontade de presentear estas criaturas, com uma válvula tipo de panela de pressão , quando estiverem muito agitadas, só abrir a saída de vapor, despressurizar a energia . São incapazes de conviver com todos que tem o prazer de sentirem um tipo de mormaço natural, dos sem ataques de histeria seja pelo que for.
 
Pessoas barulhentas são como portas batendo em dias de ventania, ninguém sabe bem qual é a que precisa fechar, ecoam no fundo do pensar, acabam com inspirações. Até mesmo quietas, fazem ruídos, chiados,alta carga elétrica zumbindo.
 
Por isso gosto do vento, me sopra verdades sem nenhuma preocupação de realmente ser ouvido. 


domingo, 15 de março de 2015


Levando a vida 
como uma música da Nana Caymmi,
beijos nos muros 
e amando mais do que o amor é capaz.


sábado, 14 de março de 2015

Lendo jornal antigo
palavras inteiras,
sonhos comuns.

Café sobre a mesa
sapato no corredor,
flor na janela.

O céu chovia com calma,
versos vinham em cartas
e a poesia não fazia barulho.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Mais que um aperto no peito
estranheza desta saudade,
nenhum motivo lembrou teu passo
nos caminhos do entardecer.

Fosse tu homem inteiro
acreditaria eu, em cada instante
morreria pelos teus  beijos,
amaria teu canto de travesseiro.

Ensaiaria tantos rodeios
quantos volteios do meu bailado,
tua mão sempre na minha,
dizendo, tu és minha.

Pedra falsa, diamante de vidro
teu gorjeio é feio, 
teu anseio eram tantos
seios, coxas, bocas, gozo alheio.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Chove,
no meio do verão tenho vontade que o outono se instale,
coloquei cadeiras confortáveis na varanda, um chá com biscoitos 
e aguardo.

Meus olhos estão cheios do esfuziante amanhecer colorido, 
meu sono quer janelas abertas, sem ar condicionado.

Menos calor e mais aconchego. Almofadas e alguns livros. 

Roupas com meias mangas, mais tecidos vaporosos sem  transparências. 

Perfume de flores.

Vento derrubando folhas, calçadas com som de saltos e decotes com colares.

 Miudezas na maquiagem batom cor de boca, brincos discretos e nenhum suor no pescoço.

No outono a poesia não precisa de lenços, as palavras não grudam e a luz é de fotografia.

O verão é pop star o outono é uma dama .

HU JUNDI

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015





  Se fez fantasia
Com cores de arte e alegria
Internamente sucumbia ao medo de se ver
Fechava os olhos para não se perder
Era feio, a si mesmo, em segredo dizia
Mas ninguém poderia saber
Vagava em círculos internos, a sofrer
Liberto em um espaço limitado, nervosamente ria
Ir além era risco, então mentia
Confundia dor com prazer
Renegava os amores que pôs a perder
Solitário, não se entregou para a vida
Deixou de ser pássaro-rei
Ao tentar cortar as asas de quem com ele queria voar.
Maria Inês de Oliveira