quarta-feira, 30 de julho de 2014

Abrir a janela
e receber este ventinho
fraquinho suave 
que traz lembranças
da menina moleca,
é música que vibra.
Tem estações que nunca saem
do calendário.

domingo, 27 de julho de 2014


Diante do espelho jurava amores
nas calçadas pisava distraído
sempre segurando a mão,
entre um abraço e um passo
queria cantar Fito,
fazendo fita
tremia de desejo.
Ela sorria,
sabia que deixaria na esquina
todas as mágoas as pragas e a banda.
o Sul inteiro é belo.

sábado, 26 de julho de 2014

Rumores da paranoia coletiva...
Joaquina batendo seus tamanquinhos, 
alferes criando caso, 
Policarpo babando nas teorias, 
ilusionistas vendendo bundas, 
poetas criando leis, 
djs pregando sermão.
Nunca tivemos tudo e nunca soubemos aproveitar,
histeria coletiva, 
o Cristo sorri pra um país de banguelas, 
sem esperanças, nem o roteirista soube o final.

sexta-feira, 25 de julho de 2014




Renasce em camadas
em pedaços em talos e prendas,
tem entranhas
membranas e cores,
 do sabor feminino,
só o vento sabe.
Açucena rapariga
quebrou o olhar lambido do poeta.






quinta-feira, 24 de julho de 2014


Brota uma flor cada vez
que a menina junta as mãos,
recolhendo chuva da vidraça
sonhando dias de sol.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Estranhos objetos voltam à vida,
em tempos de mudança,
uma foto meio beijada,
uma chave sem porta,
um nome sem rosto,
as caixas engolem tudo,
não tem paciência nem poesia.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Debruçada nas longas notas do jazz
segura o impulso do coração 
batidas fora do compasso,
ansia incontida de vida
dentro de um quarto de sol
mergulha nos medos,
diapasão indiferente.

segunda-feira, 14 de julho de 2014


De retalhos coloridos
o enxoval guardado,
guardados ventos e tardes
fitinhas de Sto. Antonio,
receitas de bolo enfeitado
confeitos em ponto cruz.

Em panos de nuvens
todo mistério da vida,
nas teias bordadas
em tapetes nunca usados.

As tranças branquearam,
no espelho descorado,
menina dos olhos
pinta a boca com pitanga,
fora de época.

domingo, 13 de julho de 2014


Ainda não plantei lírios,
nem corri pelada na noite,
não bebi suores ... 
sufoquei achaques,
se tudo acabar, me acabei antes
sendo personagem das minhas
crônicas,
no mural pichado de poesia
das ruas do meu tempo.

quinta-feira, 3 de julho de 2014



3 de julho, data do bilhete
e o poeta coitado,
ladra na janela os delírios 
da antiga camaradagem.

Enfeita as paredes
com a sombra dela,
de costas, de lado, de vento,
retratos de fumaça.

Ainda olha pra porta
buscando o beijo da despedida,
inculta dama de asas na alma.

Borrada imagem de si mesmo,
brada contra o tempo
as rugas as verrugas,
as rezas e pincéis.

Desatinos vazios
tosse a vida inversos
canta la barca na beira
da cama, do desvario, da ribeira.