sábado, 29 de dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012






Alterou  as rotas,
Nos dias luzia
A noite fervia,
Colheres de pau
Avental de flores.
Cozinhou recheio
Para o sonho sonhado,
Desfazia poesia em caldas
Misturava letras e baunilha,
Enrolava marzipãn  decorava
A paisagem da janela,
Deixou de ir ao mundo,
Agora vai fundo no tacho,
na raspa da panela velha.
Cobre os cabelos com pano,
Sorri docemente enquanto
O peito assa com pimenta e cheiro verde.
Preparando a mesa para ilustre figurante
Esfomeado  entediado desocupado,
Estropia ventos quando dorme
Ronca alto nos lençóis de brisa
Forja uma vida para virar postal
Ou fotografia postada no mural.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Quando enfim se deixou levar
descobriu toda beleza do sentir,
sem ver enxergou mais,
sem tocar se permitiu ouvir,
intensa vida a ser vivida
na plenitude da agonia,
libertou enfim a alma
das caixas vazias,
falou por outras bocas
bebendo o mundo que desaguava...


E se um dia eu souber quem tu és
desapareço eu,
dissipada entre aragens das madrugadas,
coberta de pó do ontem,
a me descobrir  em novas pinceladas
do amanhecer.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Mal acabada poesia servida em frentes
como vitrines mostra o presente,
carente inocente face
diabólica palavra, comedora de almas
disfarçada cheia de ironia,
sofisticada como verme,
corroendo por debaixo
do traje elegante,
mostrando o verniz que não existe,
quem sabe um prêmio de bronze com nome gravado
por tantas bocas degustado,
lambendo as horas de um dia que não termina...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Dois, 
no meio, um espelho partido.
Nenhuma linha no horizonte
mostra o quanto 
desenhamos, 
costurando os dias com fitas,
enlaçando a ilusão.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Verseja, 
cerejas no tampo da mesa,
a boca serve o prato
dentro do olho o tempero,
na pele, o sabor...

(I)
Em dias de calor Portoalegrense
nem a saliva salva a boca
nem a sombra salva a pele...


(II)
A chuvarada lambeu a terra
riscou os céus,
apagou a luz,
entregou um dia
cheiroso e fresco.

domingo, 16 de dezembro de 2012


Nas reticências, muitas promessas,
palavras são feitas para prender
a intolerância só aparece,
ao perceber que o outro é mais
que um receptor de elegias,
feitas através da tela fria.

sábado, 15 de dezembro de 2012

A respiração desliza sobressaltada
em cada toque 
um pousar de furacões,
ventanias trovoadas,
o estomago contraído
espasmo do umbigo ao cabelo,
tua boca que chega 
molha e mata.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012




Todos os sentidos dispostos
sobre postos na ante sala,
na pele ardências de contato
formigamento de insistir.
Viver se torna uma roda
girando ao contrário
onde os indispostos saem,
dando lugar ao inóspito
sem sentido da palavra,
alheia,  revelada, descoberta.
Noite adentro estrelas caem
dentro dos dias comuns,
fazendo brilho no vidro,
e na retina.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Se fosses lua, seria cheia, 
não sendo, inteira és, 
como teus escritos,
saídos das formas 
que moldas com teu 
sentido ...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

De todas transparências
nas saias e sobre saias,
deslizava candidamente
entre o real e o mortal.

Empunhando uma palavra
subiu no salto
pulou os muros
correu pelos telhados.

Descobrindo os sentidos
sentiu toda nudez
da pele, da alma,
apagou-se antes de clarear...


Vou abrir os braços
quem sabe um abraço
seja enfim um paradouro.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Nasci ontem, longe no tempo
ainda ouço as cantigas de um amor
em sonhos rebuscados de poesia e cor,
no velho caramanchão uma tarde morna,
aquece o olhar de quem tem saudade.

Ouvir o som dos dias no badalo da capela
sentir o perfume de gardênias e cravos,
escrevendo uma interminável carta
caligrafia caprichada desenhada,
destilando dolente romance.

Entre as dobras das saias se esconde
a vontade,  a verdade, o pranto,
nas  tantas linhas escritas
uma palavra apagada,
sob a mancha da gota a eternidade:
te espero porque te amo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fazia floreios a luz da lua
desceu de tobogã sob as estrelas
sentindo o mundo fluindo
deixou que o canto da noite
molhasse de vida seu sonho,
encostou no rabo do cometa
acometeu-se de luz.
Esmalte vermelho paixão   
sapatos de verniz preto,
brincos de argola,
 saiu pela madrugada
vestida de sereno...
Escrever os dias, olhando no espelho do caminho.

sábado, 1 de dezembro de 2012




Pandorga de Alma

Lavou a alma na madrugada, despregou ponto por ponto
cuidados para não rasgar, estendeu na beira da noite
esfregou pó de estrelas até sumirem os sonhos,
pendurada em fios de luz de lua, varal do tempo,
aguarda... ou volta, ou foge.