domingo, 26 de setembro de 2010

eu,
minha
poesia coloquial,
arruma a cama
abre a janela
toma café
pensa nos beijinhos
que vou te dar
toma banho
sonha com teus braços
fortes,
sai para rua
sorri para crianças
cachorros e velhinhos,
de vestidinho e chinelinho
cabelo curtinho
pra sentir o vento na nuca
rima flor com buraco na calçada
anda rápido
sente o roçar das coxas
tem vontade de poetar
primavera em voce
coloquial,
bem natural...


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

e disse ...vai!
ela saiu, não precisava de outras flores
foi por acreditar,
dentro alguma coisa avisava
acabando...
o inverno passou
e a primavera não admite sombras,
o infinito durou instantes
a eternidade acabou
quando terminou o sonho.
Estranhamente calma
assustadoramente lúcida
abriu os olhos
viu seu olhar
a boca descrevendo
o amor intenso
pela outra
apavorantemente claro
tristemente real
ele é só um homem
algemado
numa realidade sem poesia.

Recolher os cacos
lavar a boca
trocar a roupa
fazer uma nova
poesia,
mesmo de mentira
dizer:
estou bem
e voce vai passar.

Foi no início da primavera
que ela desfolhou
e o vento
lamento...lamento...lamento.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Voltou?

me manda um blues
por correio
mala direta
transportadora,
me manda um blues
sem lamento
me manda um blues
que tenha chorado,
me manda um blues
desgovernado
perdido entre estrelas
me manda um blues
que eu bebo todo
sentada na porta
me manda um blues
por favor um blues...

hoje
só poeira de estrela
não existo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

qualquer poesia me contenta
uma palavra me alimenta
por isso meus suspiros
são alentos e não desalentos
pois que vem do sobrevento
de letra em letra como pétalas
amanhecendo primavera.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Me apaixono todo dia

Claro de noite

Escuro de dia

Esqueço que não posso

E vou.

Me atiro de cabeça e vou

Clareando a noite

Escurecendo o dia.

Serelos


Sou eu o elo entre ela ... ele

A mim cabe amar e deixar.

Flor entre as flores

Ser única e ser igual

Nem um tom acima

ou nuance distonante,

Para fazer o amor ter paz.

Em sonho desabrochar

E perfumar ele

Em devaneios dançar

Na brisa dela.

Ser exótica flor

Enfeitada de comum

Para deixar o amor

Ser tormenta paixão

Revolução e liberdade.

O que eu gosto em ti

São estes que te habitam...

sábado, 4 de setembro de 2010

e o que sou, afinal? Um nada, na existência...
apenas uma marionete,
dividida entre o bem e o mal...
e estou inclinado a crer que fiz a escolha errada...
Quem sabe...
Talvez o melhor seja viver sem moral...
Sugar aos outros até não poder mais...
E depois, simplesmente, me convencer de fiz o certo
e depois, dormir
em paz.


Poema Convulsivo

(Fabrícia Miranda)

Essa noite é de romances bizarros
Guardo uma navalha no bolso
para o caso de um flagelo

Por trás do meu rosto um medo
e por trás do medo um rosto.

Hoje estou excepcionalmente bela
com olhos de rímel e lágrimas
e cabeleira desgrenhada

E agora, de tão tarde, conto apenas comigo
para falar de mim mesma.

(Poema do livro Ritos de Espelho, 2002)

eu sou cortada dia após dia
quando leio tuas palavras,
sem costuras
cada cicatriz me daria
voce ,
prefiro o corte...

para
gosto de viver atormentada,
por isso escrevo,
para que meu tormento
seja não lamento, mas
encanto em verso
disperso...

(para Entre Aspas)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Meus pedaços
aparecendo entre
os teus trecos, até meu pó
esta misturado
ao teu...
e precisei andar tanto
para ter lembranças.
porque o vento
e a chuva
não entendem nada
de melancolia
e, ainda assim
forram os olhos
da gente?