domingo, 24 de julho de 2011

Morte de Amor




O crachá verde no jaleco branco, 
silencio ao momento solene,
sentar...estender o braço,
busquei a janela com os olhos
e a vida com a esperança.

Lá fora frio e vento
Olhei para a moça de branco...
um galho sem folhas balançando,
nem um som , como um sonho, uma viagem...
tres tubos de laboratorio
cheios de sangue, vermelho vivo
Meu sangue.

Ali nos tubos, indo para São Paulo
Minha vida junto.
Neste momento deixei de amar.

Um grande amor virou passado
No sangue tão vermelho.

Minhas memórias nos tubos
para ser examinado

Não importa,
não importa o resultado
o amor é sobreviver a dor.

Como pode uma dor ou um amor,
Abstratos,
Tornarem-se concretos
em tubos?

Agora com lacres, meu nome.
Em São Paulo ninguém saberá que o sangue faz poesia, 
teatro, chora com a felicidade e
...morre 
ao ver as tristeza de amigos.

É Caio se desfragmentando para ver
se toda dor do mundo cabia num diagnóstico.

Entrei na fila 
dos meus poetas tuberculosos
dos meus amigos soropositivos
das crianças com leucemia.

Eu, nos tubos
Que não sabem
que a poesia e o blues fazem parte da vida.

2 comentários:

  1. Olá Leila! Passando para te cumprimentar e apreciar este tão belo e profundo poema. Adorei! Parabéns!

    Beijos e boa noite pra ti e para os teus.

    Furtado.

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  2. Lindo. Linda. Até no sofrimento você é linda. Até na fila dos mortos, você é vida!
    Lindo. Simplesmente, lindo.

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