Soube que voltou.
nada volta
e, se volta, vem diferente.
Não gosto do espelho. Esta lâmina fria que olha, através de
mim, analisa, investiga. No silencio perturbador das questões pendentes grita
ate me ensurdecer, me engasta numa solidão de farpas soltas na pele. Ao olhar
de frente neste espelho, não vejo minhas asas, não ouso olhar de lado...
Já fiz isso, foi no momento que apareceu a bailarina, linda
figura, imagem leve de um sonho, vi no espelho amorosa imagem feita de
promessas. Alí o reflexo era feito de carinho generoso carinho. Não gosto deste
espelho.
Meu olhar se perde em busca de outros olhares, presa no
reflexo deste, meu mundo se fragmenta. Nada sei e quero entender porque não
viro de costas(?) para onde olha o espelho quando não estou em frente? Minha
vida feita de pequenas bobagens perde o sentido diante da magnitude do aço.
Gostava de olhar o mundo vivendo nele. O magazine da moda diz: inconseqüências
têm seu peso dobrado, sempre acredito nos magazines da moda.
Navegar dentro dos reflexos vendo a crueza que vive em mim é
a pior medida, o sapato mais apertado. Sem melancolia ou tristeza,
profundamente tocada pela imagem traidora de mim mesma por revelar nem o que
admito, sofro. Odeio este Espelho.
Faço fita, mis-en-cène, sou exagerada, chorona, falo pelos
cotovelos; gosto de abraçar, sou exibida; gosto de sair pelas ruas na chuva e
gosto da noite, das madrugada de música; gosto de escrever. Não gosto de ser
analisada nem por carinho nem por verdugo. Errada sou eu que não gosto do
espelho.
Sou estranha, este espelhado vidro tem uma linda moldura
dourada, que brilha ofuscando, gosto de olhar, desgostando do que mostra.
Cubro o espelho, vou viver, sem cenas.
Leila,eis aí a "bela" maldição diante do espelho! O texto está bem espelhado! Abraço.
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